Virtudes Cardeais: Prudência; Justiça; Fortaleza; Temperança.
A virtude é a força da vontade; mais precisamente, é a força da vontade direcionada ao bem e à justiça. Padre Ricardo Fontana - reitor do Santuário de Caravaggio.
Ser “o melhor” ou, simplesmente: “sermos melhores”? Jesus disse: “só Deus é bom, e mais ninguém” (Mc 10,18). Uma breve reflexão sobre as virtudes vale muito em tempos de retomada pós-pandemia. A Pandemia fez o ser humano repensar na sua qualidade de vida interior; buscar a si mesmo, reler sua história, identificar suas virtudes e limitações; revelando a diferença entre viver e existir para descobrir o sentido da VIDA. Segundo o Catecismo da Igreja Católica: A virtude é uma disposição habitual e firme de fazer o bem. Conforme o autor Vito Mancuso, em seu livro: A força de sermos melhores: “a virtude é a relação entre a pessoa e o bem. A virtude não é o bem, mas sim a condição que nos permite realizá-lo. A virtude é a força da vontade; mais precisamente, é a força da vontade direcionada ao bem e à justiça. Essa direção não se baseia por si mesma em querer ser bons, mas em ter entendido que ser bons e justos sempre foi a via mais eficaz de viver bem. Há quatro virtudes que são consideradas dobradiças (abrem as portas para outras virtudes), chamadas de virtudes cardeais: prudência, justiça, fortaleza e a temperança; todas as outras virtudes se reúnem em torno delas. Podemos definir as quatro virtudes cardeais assim: A PRUDÊNCIA dispõe a razão prática a discernir, em qualquer circunstância, nosso verdadeiro bem e a escolher os meios adequados para o realizar. A prudência é a guia das virtudes humanas, é aquela que orienta a inteligência na escolha do que é honesto e melhor serve o bem social. Às vezes, a prudência é apresentada como cautela, diplomacia ou timidez. Todavia, a prudência é a arte de saber escolher o que mais vale na vida em ordem a um fim maior. A prudência é a capacidade de discernir o bem. A JUSTIÇA consiste na vontade constante e firme de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido. É uma virtude abordada não só no ambiente religioso, mas também no mundo do Direito. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça” anunciada por Cristo é um modo de vida, onde prevalece o direito do próximo como prevalece os meus direitos. Lembremos, ainda, as palavras de Jesus que nos diz: “Com a medida com que medirdes sereis medidos” (Mt 7,2). A FORTALEZA dá segurança nas dificuldades, firmeza e constância na busca do bem: “Coragem! Pois Eu venci o mundo!” (Jo 16,33). A fortaleza vence o medo, suporta a provação e as perseguições. A virtude da fortaleza nos assegura a decisão para não fugirmos e cumprirmos os nossos deveres e missão confiado a nós. Devemos pedir o dom da fortaleza: para vencer a relutância em cumprir os deveres que custam, para enfrentar os obstáculos normais em qualquer existência, para aceitar com paz e serenidade a doença, para perseverar nas tarefas diárias, para dar continuidade à ação apostólica, para encarar os contratempos com espírito de fé e bom humor. A TEMPERANÇA modera a atração dos prazeres sensíveis e procura o equilíbrio no uso dos bens criados, guarda uma santa discrição e não se deixa seguir as paixões do coração. Viver bem esta virtude implica andar desprendido dos bens e dar‑lhes a importância que têm e não mais; não criar necessidades; não fazer gastos inúteis; ser moderado na comida, na bebida, no descanso; prescindir de caprichos, o homem vale mais pelo que é do que pelo que tem, e temos de fazê‑lo com o exemplo de uma vida sóbria e temperada. Conforme Vito Mancuso: as virtudes cardeais descrevem bem o significado de uma existência humana que escuta o desejo e, ao mesmo tempo, assume a tarefa de ser melhor. Mediante um perseverante trabalho sobre si mesmo, pode-se alcançar a construção de um ser humano capaz de:
1) compreender, porque exercita o discernimento;
2) agir retamente, porque abriga a justiça interiormente;
3) ser forte e resistente, porque exprime sua potência;
4) ser temperante e moderado, porque carrega a paz dentro de si mesmo.
Padre Ricardo Fontana - reitor do Santuário Diocesano de Nossa Senhora de Caravaggio.