santuário de n. sra. de caravaggio

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09/04/2023

Ver, escutar e anunciar

Feliz Páscoa! Padre Ricardo Fontana - Reitor.

Foto de capa
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As mulheres foram as primeiras testemunhas a encontrar-se com o ressuscitado: pois foram ao túmulo no primeiro dia da semana, quando ainda estava escuro (Jo 20,1). Foram simplesmente por um gesto de amor ao amigo e amado Jesus. A noite ia clareando, as primeiras luzes da aurora, elas foram ao sepulcro para ungir o corpo de Jesus. E lá vivem a maior da experiência humana: primeiro, descobrem que o sepulcro está vazio; depois, veem duas figuras em trajes resplandecentes que lhes dizem que Jesus ressuscitou; correm a anunciá-lo aos outros discípulos. Veem, escutam, anunciam. As mulheres veem. O 1º anúncio da Ressurreição é o sinal para contemplar.  O túmulo deveria estar em ordem, as mulheres «encontraram removida a pedra da porta do sepulcro e, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus» (Jo 20,2). A Páscoa começa invertendo os nossos esquemas. Chega com o dom de uma esperança. Não é fácil acolhê-la. Às vezes esta esperança não encontra espaço no coração. Em nós, como nas mulheres do Evangelho, prevalecem interrogações e a reação ao sinal imprevisto é o medo, é voltar «o rosto para o chão».  Contemplamos a vida com os olhos voltados para baixo; fixos apenas no momento, desiludidos com o futuro, fechados nas nossas necessidades. E diante do túmulo da resignação; sepultamos a alegria de viver. Mas, o Senhor quer dar-nos olhos diferentes, iluminados pela esperança de que o medo, o sofrimento e a morte não terão a última palavra. Graças à Páscoa de Jesus, podemos dar o salto do nada para a vida e abraçar para sempre o amor de Deus.

Segundo anúncio: as mulheres escutam. Depois de terem visto o sepulcro vazio, dois homens em trajes resplandecentes disseram-lhes: «Por que buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui; ressuscitou!» (Lc 24,5). Faz-nos bem ouvir estas palavras: não está aqui! Sempre que O procuramos apenas nos momentos de necessidade para depois O deixarmos de lado esquecendo-nos d’Ele nas situações quotidianas e nas opções concretas de cada dia, repitamos: não está aqui! Ouçamos, também nós, a pergunta dirigida às mulheres: «Porque buscais o Vivente entre os mortos?» Não podemos fazer Páscoa, se continuamos a morar na morte; se na vida não temos a coragem de nos deixar perdoar por Deus, a coragem de nos decidirmos por Jesus; se continuamos a reduzir a fé a um amuleto, fazendo de Deus uma bela recordação do passado, em vez de ir ao seu encontro como o Deus vivo que deseja transformar o mundo. Um cristianismo que busca o Senhor entre as ruínas do passado e O encerra no túmulo da rotina é um cristianismo sem Páscoa. O Senhor ressuscitou! Não demore túmulo. Não tenha medo de O procurar também no rosto dos irmãos: Deus está lá!

Por fim as mulheres anunciam. Que anunciam elas? A alegria da Ressurreição. A Páscoa não acontece para consolar quem chora a morte de Jesus, mas para abrir os corações ao anúncio da vitória de Deus sobre a morte, gerando discípulos missionários que «voltam do sepulcro» e levam a todos o Evangelho do Ressuscitado. Por isso mesmo, depois de ter visto e escutado, as mulheres correm a anunciar aos discípulos a alegria da Ressurreição. Apenas tinham o coração ardente para transmitir o anúncio: “O Senhor ressuscitou!” Somos chamados: a fazer experiência do Ressuscitado e partilhá-la com os outros; para espalhar a sua alegria pelo mundo.  Levemo-Lo para a vida de todos os dias: com gestos de paz, com obras de reconciliação nas relações rompidas e de compaixão para com os necessitados e sobretudo, com obras de amor e fraternidade. A nossa esperança chama-se Jesus. Façamos Páscoa com Cristo! Ele está vivo e ainda hoje passa, transforma e liberta. Nós podemos oferecer a nossa companhia, a nossa oração e dizer: “Vos acompanhamos!” E anunciar a grande realidade que é celebrada hoje: Aleluia, Cristo ressuscitou!

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