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09/10/2022

Santuário de Caravaggio realizou a transmissão em suas redes sociais da canonização de São João Scalabrini

O Santuário transmitiu a celebração em suas redes sociais, dado em vista a presença Scalabriniana diária junto às irmãs que colaboram neste santuário, assim como a presença do próprio São João Scalabrini neste santuário no ano de 1904.

Na manhã deste domingo, 09 de outubro, o Papa Francisco celebrou a missa de canonização de João Batista Scalabrini e Artêmides Zatti, na Praça São Pedro. O Santuário de Caravaggio esteve em comunhão com a Comunicação Vaticana, retransmitindo a celebração em suas redes sociais, dado em vista a presença Scalabriniana diária junto às irmãs que colaboram neste santuário, assim como a presença do próprio São João Scalabrini neste santuário no ano de 1904. A transmissão contou com os comentários do reitor do santuário, Padre Ricardo Fontana e do assessor de comunicação do Santuário, Jornalista Leandro Ávila, além da presença do bispo emérito de Caxias do Sul, integrante da equipe sacerdotal do Santuário de Caravaggio, Dom Alessandro Ruffinoni, Scalabriniano que estava presente na praça de São Pedro.
 
O Papa iniciou sua homilia com o episódio do Evangelho, da liturgia deste domingo, em que dez leprosos caminham juntos e vão ao encontro de Jesus que os cura, mas somente um deles volta «glorificando a Deus em voz alta» e agradece a Jesus. Era um samaritano, um estrangeiro.

A seguir, Francisco se deteve em dois aspectos dessa passagem do Evangelho: caminhar juntos e agradecer. O Papa ressalta que "no início da narração, não há nenhuma distinção entre o samaritano e os outros nove. Fala-se simplesmente de dez leprosos, que formam um grupo e, sem divisão, vão ao encontro de Jesus. Como sabemos, a lepra não era apenas uma úlcera física, mas também uma «doença social», porque naquele tempo, por medo do contágio, os leprosos deviam estar fora da comunidade. Não podiam entrar nos centros habitados, mas eram mantidos à distância, relegados às margens da vida social e até religiosa. Caminhando juntos, estes leprosos clamam contra uma sociedade que os exclui. O samaritano, apesar de ser considerado herético, «estrangeiro», faz grupo com os outros. A doença e a fragilidade comuns fazem cair as barreiras e superar toda a exclusão, como nos recordou na primeira Leitura, Naaman, o sírio, que apesar de ser rico e poderoso, para se curar teve de mergulhar no rio onde se banhavam todos os outros".

Como nos faz bem tirar as nossas armaduras exteriores, as nossas barreiras defensivas e tomar um bom banho de humildade, recordando-nos de que todos somos frágeis por dentro e necessitados de cura, todos somos irmãos! Lembremo-nos disto: a fé cristã sempre nos pede para caminhar junto com os outros, para nunca ser caminhantes solitários; sempre nos convida a sair de nós mesmos rumo a Deus e aos irmãos, sem nunca nos fecharmos em nós mesmos; sempre nos pede para nos reconhecermos necessitados de cura e perdão, e partilharmos as fragilidades de quem vive ao nosso redor, sem nos sentirmos superiores.

O Papa nos convidou a verificar se, "na nossa vida, nas nossas famílias, nos nossos lugares de trabalho e de convivência diária, somos capazes de caminhar junto com os outros, ouvir, superar a tentação de nos entrincheirarmos na nossa autorreferencialidade e pensarmos só nas nossas necessidades".

"Mas caminhar juntos", disse ainda o Pontífice, "ser «sinodais», é também a vocação da Igreja".

Perguntemo-nos até que ponto somos realmente comunidades abertas e inclusivas em relação a todos; se conseguimos trabalhar juntos, padres e leigos, a serviço do Evangelho; se temos uma atitude acolhedora – feita não só de palavras, mas de gestos concretos – tanto para com os distantes quanto para com todos os que se aproximam de nós, sentindo-se inábeis por causa dos seus percursos de vida conturbada. Fazemo-los sentir parte da comunidade, ou excluímo-los?

Francisco disse ter medo, quando vê "comunidades cristãs que dividem o mundo em bons e maus, em santos e pecadores". Com isso, "acaba-se por se sentir melhor que os outros e manter fora a muitos que Deus quer abraçar". O Papa disse que é importante "incluir sempre tanto na Igreja quanto na sociedade, ainda caraterizada por tantas desigualdades e marginalizações. Incluir todos".

Hoje, no dia em que Scalabrini se torna santo, gostaria de pensar nos migrantes. A exclusão dos migrantes é escandalosa. Aliás, a exclusão dos migrantes é criminosa, faz com que morram diante de nós. E assim, hoje temos o Mediterrâneo que é o maior cemitério do mundo. A exclusão dos migrantes é nojenta, é pecaminosa, é criminosa. Não abrir as portas para quem precisa... "Não os excluímos, os mandamos embora", para os campos de concentração, onde são explorados e vendidos como escravos. Irmãos e irmãs, hoje pensamos em nossos migrantes, aqueles que morrem e aqueles que são capazes de entrar. Nós os recebemos como irmãos ou os exploramos? Deixo esta pergunta.

A seguir, o Papa se deteve no aspecto: agradecer. "No grupo dos dez leprosos, há apenas um que, ao ver-se curado, regressa para louvar a Deus e manifestar a sua gratidão a Jesus. Enquanto os outros nove ficam purificados, mas prosseguem pelo seu caminho, esquecendo-se d’Aquele que os curou. O samaritano faz do dom recebido o princípio de um novo caminho: regressa para junto de Quem o sarou, vai conhecer Jesus de perto, inicia uma relação com Ele. Assim, a sua atitude de gratidão não é um simples gesto de cortesia, mas o início de um percurso de gratidão: prostra-se aos pés de Cristo, isto é, faz um gesto de adoração, reconhecendo que Jesus é o Senhor e que é mais importante do que a cura recebida".

Esta é uma grande lição também para nós, que todos os dias nos beneficiamos dos dons de Deus, mas frequentemente prosseguimos pela nossa estrada esquecendo-nos de cultivar uma relação viva com Ele. Trata-se de uma grave doença espiritual: dar tudo como garantido, inclusive a fé, mesmo a nossa relação com Deus, a ponto de nos tornarmos cristãos que deixaram de se maravilhar, já não sabem dizer «obrigado», não se mostram agradecidos, não sabem ver as maravilhas do Senhor. E acaba-se, assim, por pensar que tudo o que recebemos diariamente seja óbvio e devido. Ao contrário, a gratidão, o saber dizer «obrigado» nos leva a afirmar a presença de Deus-amor e também a reconhecer a importância dos outros, vencendo o descontentamento e a indiferença que nos embrutecem o coração.

"É fundamental saber agradecer", reiterou o Papa. "Devemos diariamente dar graças ao Senhor, sabermos em cada dia agradecer uns aos outros: na família, por aquelas pequenas coisas que às vezes recebemos sem nos interrogar sequer de onde provêm; nos locais que frequentamos quotidianamente, pelos inúmeros serviços de que usufruímos e pelas pessoas que nos apoiam; nas nossas comunidades cristãs, pelo amor de Deus que experimentamos através da proximidade de irmãos e irmãs que muitas vezes em silêncio rezam, oferecem, sofrem, caminham conosco. Por favor, não esqueçamos esta palavra-chave: obrigado", sublinhou Francisco.

Os dois Santos, canonizados hoje, nos lembram a importância de caminhar juntos e saber agradecer. O Bispo Scalabrini, que fundou uma Congregação para o cuidado dos migrantes, duas: uma masculina e outra feminina, afirmava que, no caminhar comum daqueles que emigram, é preciso não ver só problemas, mas também um desígnio da Providência: «Precisamente por causa da migração forçada pelas perseguições – disse ele –, a Igreja superou as fronteiras de Jerusalém e de Israel e tornou-se “católica”; graças às migrações de hoje, a Igreja será instrumento de paz e comunhão entre os povos». Há uma migração, neste momento, aqui na Europa, que nos faz sofrer muito e nos leva a abrir nossos corações: a migração de ucranianos que fogem da guerra. Não nos esqueçamos hoje da martirizada Ucrânia. Scalabrini olhava mais além, olhava lá para diante, para um mundo e uma Igreja sem barreiras, sem estrangeiros. Por sua vez, o irmão salesiano Artemide Zatti foi um exemplo vivo de gratidão: curado da tuberculose, dedicou toda a sua vida a favorecer os outros, a cuidar com amor e ternura dos doentes. Conta-se que o viram carregar aos ombros o corpo morto dum dos seus doentes. Cheio de gratidão por tudo o que havia recebido, quis dizer o seu «obrigado» ocupando-se das feridas dos outros.

O Papa concluiu, convidando a rezar "para que estes nossos santos irmãos nos ajudem a caminhar juntos, sem muros de divisão; e a cultivar esta nobreza de alma tão agradável a Deus que é a gratidão".

Confira a Homilia sobre Nossa Senhora, proferida por Dom João Batista scalabrini no santuário de Caravaggio, em 17 de novembro de 1904 

"Maria a mãe que nos cativou"
 
 Convidado pelo vosso digníssimo pároco para dizer-vos algumas palavras sobre Maria para vos, far-vos-ei de acordo com o que me ditará o coração.
 
 Se, na alegria do meu espírito, me pergunto qual é o motivo de vossa numerosa fluência, da vossa piedosa procissão que vi com emoção, do júbilo sereno que brilha em vosso semblante, dessa religiosa Piedade que anima, eu sinto ressoar em tudo que nos circunda o nome de uma mãe Divina; vejo uma multidão de filhos que me apontam a venerada imagem daquela que os anjos saúdam como sua rainha e os homens proclamam como sua alegria e glória do Povo Israel. Tu a glória de Jerusalém ,tu a honra do nosso povo!
 
 Maria Santíssima, Mãe de Deus e Nossa mãe!  Eis a criatura que, aparecendo no mundo envolta em luz divina, cativou as mais sublimes inteligências e atraiu todos os corações. Eis a Mãe dos homens que, elevada sobre um trono glorioso, enfeitado para ela com coroas colhidas entre as mais esplêndidas, como o amor, a arte, as bênçãos dos povos, é carregada entre as vicissitudes e quedas dos impérios e das graças humanas,  e eis a causa da alegria comum homens, ó meus caros ouvintes.
Este ano todo mundo se move e se comove em torno de Maria: é fé, é alegria, é entusiasmo. Um grito impossível de conter, imenso, irresistível, pro rompe prorrompe de todos os peitos, ressoa concorde em todas as línguas, repercute em todas as partes da Terra:  Viva Maria! É este grito que se repete hoje, e se repetirá amanhã, que se repetirá sempre, até o fim do mundo.
 
 Nenhum grito ,ó meus amados irmãos, é mais afetuoso, maIs santo; mais oportuno, porque, não obstante a zombarias o incrédulo e o sorrisos de desdém do ímpio, a verdadeira devoção a Maria testemunha algumas grandes e solenes verdades e desta maneira oferece um remédio mais eficaz, sempre que a maldade humana não recuse, para as grandes chagas do nosso tempo.
 E quais são essas Chagas? Um racionalismo orgulhoso de diferentes seitas, que negam o pecado original, exalta excessivamente as forças do homem e faz de si mesmo o critério da verdade, a norma do bem e a fonte de toda felicidade humana, eis o erro capital de nossa época.
 
 Um crasso materialismo, que não faz caso da consciência e da honra, que não busca senão gozar enriquecer-se como meio e gozar como o fim, eis o vício capital da nossa idade.
 A volta de Jesus Cristo, o único salvador do mundo, o caminho, a verdade, a vida das almas, eis a suprema necessidade de nossos tempos.
Mas como satisfazer esta necessidade, como destruir esse vício, de citar este erro? Elevemos meus irmãos queridos, elevemos a sagrada imagem de Maria, e nela, como que fixando o nosso olhar num raio de uma estrela amiga, encontraremos a humildade da mente, a dignidade do coração, a obediência amorosa à Jesus.
 
  Em seus privilégios muito singulares, reconheceremos a condição infeliz e a corrupção original dos pobres filhos de Adão; na pureza, na candura, na Celeste beleza de sua alma, veremos o aviltamento  de um coração ávido e consensual, no milagre de suas divinas grandezas, as necessidades e os benefícios de um Deus Redentor.  Quando se fala de Maria, a alma se eleva aos pensamentos alegres, o coração palpita em doces emoções, um raio de esperança brilha sobre a fronte novamente serena. Na presença dessa excelsa senhora, linda como o paraíso, que com uma eterna ternura nos estende os braços e nos convida o seu coração, quem não se sente confortado? Quem se recusa a lançar-se entre seus braços, como a criança ao colo de sua mãe?
 
 Não existe coisa alguma, por quanto grande e desejável que não possamos esperar dela. Jamais ela se deixa vencer em generosidade. Encontra-se a mim, ela nos diz, todos os tesouros das riquezas celestes, para que os dê a quem me honra e me ama: Estás comigo as riquezas para que se tornem ricos os que me amam.  Honrar a Virgem Maria é o mesmo que assegurar-se em seu patrocínio, impetrar suas graças para a igreja, apressar o seu triunfo. Sim, sim, nos grita com um tom cheio de misteriosa confiança o doce, forte e suavíssimo pontífice Pio X.
 
Pode rugir a tempestade, o céu pode cobrir-se novamente de nuvens, diz ele, mas ninguém se assuste. Se olharmos para Maria, o senhor se aplacará e nos perdoará tudo. O arco-íris aparecerá entre nuvens, eu vejo, e as águas do dilúvio não voltarão mais a exterminar os viventes. Oh, certamente, se tivermos verdadeira confiança em Maria, a Virgem poderosíssima esmagará sempre com o seu pé virginal, a cabeça da serpente.
 
Oh sim, que se realizem esses votos! E nós, meus amados irmãos, apressemmo-nos no seu cumprimento na medida de nossas forças. Unamo-nos nossas vozes num só coro de admiração e louvor e todos juntos, com entusiasmo filial e cheio de confianças em Nossa Senhora do Rosário, digamos:
 
 Ó virgem santíssima do Rosário, que sois o nosso refúgio e a nossa esperança, guardai-nos benignamente, impetrai-nos do vosso divino filho a graça de vivermos como verdadeiros cristãos, livres de toda a culpa. De modo especial, protegei a nossa juventude, afastando dela tudo que pode corromper-lhe a inocência e a fé. Proteger a igreja e o seu augusto chefe, daí a ele a força de que ele necessita para levar o bom termo a obra da restauração universal em Cristo para a salvação das almas e também da sociedade civil.
Ó bendita do céu e da terra, iluminai as mentes, reconfortai os corações, apagaI  o ódio, dai-nos a paz.  Ó mãe piedosa, socorrei os infelizes, daí alento aos desanimados, fortalecei os fracos, consolai aqueles que choram ,interceder em favor do clero e do povo, do rebanho e do pastor.
 Fazei que depois de termos amado e glorificado na terra, possamos amar-vos, louvar-vos e bendizer-vos, também no céu pelos séculos do séculos, amém !
E agora uma alegre notícia, o sumo pontífice Pio XI ,se designou de mim carregar para trazer a sua bênção apostólica...
 
São João Scalabrini
santuário de n. sra. de caravaggio

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