Oração, fé e esperança
"O Sínodo é um momento privilegiado para a Igreja, Povo de Deus a caminho da casa do Pai, se colocar em oração. O Santo Padre, o Papa Francisco, nos recorda que: 'Sem oração não há Sínodo'"
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Com espírito de comunhão e participação, convido todos os diocesanos a se unirem numa grande corrente de oração, neste mês de outubro, pelos trabalhos da Assembleia do Sínodo, que terá início no dia 4 de outubro, Festa de São Francisco de Assis, em Roma. O Sínodo é um momento privilegiado para a Igreja, Povo de Deus a caminho da casa do Pai, se colocar em oração. O Santo Padre, o Papa Francisco, nos recorda que: “Sem oração não há Sínodo”. Porque estaríamos considerando a caminhada sinodal, e a própria Assembleia do Sínodo, como um fato meramente humano, sem contar com a assistência do Espírito Santo, que atualiza no tempo e na história, através das gerações, o projeto do Reino de Deus, na missão da Igreja e na vida de cada batizado.
O mês de outubro é recordado e celebrado como o mês Missionário e do Rosário. O horizonte missionário de nossos dias compreende, além dos que ainda não conhecem o Evangelho, também aqueles cristãos “adormecidos” na fé, que o esqueceram ou o abandonaram. Missionário é aquele que, colocando-se a serviço do Reino, torna visível a universalidade da Igreja e revela a força inovadora do Evangelho de Cristo, que como tal não conhece fronteiras. Mas para ter esta disponibilidade, é preciso ter um coração inflamado pelo amor de Deus.
O Papa São Paulo VI, na Exortação Apostólica Envangelii Nuntiandi, afirmava que o anúncio “da mensagem evangélica não é para a Igreja um contributo facultativo: é o dever que a incumbe por mandato do Senhor Jesus, a fim de que os homens possam crer e ser salvos” (EN 5). A Missão é, pois, “a mais profunda identidade” da Igreja (EN 14). A Missão, portanto, não é apenas “pregar o Evangelho em regiões geográficas sempre mais vastas ou a populações sempre mais extensas, mas também de atingir e quase abalar pela força do Evangelho os critérios de juízo, os valores determinantes, os pontos de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que estão em contraste com a Palavra de Deus e aos desígnios da salvação” (EN 19).
A força missionária de uma Igreja está radicada no amor, e se fortalece aprendendo a olhar e avaliar, com humildade, suas forças e suas fragilidades, para renovar sua missão de estar a serviço d’Aquele que nos chamou à vida. Fomos libertados por Cristo, para que ficássemos livres (cf. Gl 5,1) para servir melhor os outros, restituindo assim a Deus o que d’Ele recebemos.
A caminhada de fé do Povo de Deus da nossa Diocese é profundamente marcada pela espiritualidade e a devoção mariana, que historicamente tem suas raízes na Igreja doméstica, a família, lugar privilegiado para acolher a vida, e onde podemos dar os primeiros passos na iniciação à vida cristã, pelos ensinamentos e o testemunho de fé dos nossos pais, dos nossos avós e das pessoas da comunidade que pertencemos.
A recitação do rosário, esse modo simples de rezar, que marcou a espiritualidade de muitas gerações, e alimentou a caminhada de fé de milhões de pessoas das comunidades na vida da Igreja, atravessando os séculos, ainda hoje alimenta a vida espiritual do nosso povo peregrino para a casa do Pai. A oração do rosário é a oração dos simples, dos sábios e dos doutores. É a oração de todos aqueles e aquelas, que a exemplo de Isabel, acolhem Maria, como a mãe do Senhor Jesus. Acolhendo Maria, acolhem também o Verbo, que Maria traz no seu ventre e se alegra, porque Ele veio habitar entre nós. “Feliz és tu que acreditaste ...” ( Lc 1,45), disse Isabel a Maria. Felizes são todos aqueles e aquelas que na vida cotidiana manifestam, de forma simples e assídua, a fé e a confiança na presença de Deus, como fez Isabel, como fez Maria de Nazaré, como fazem nossas mães e pais, e os milhares de peregrinos que frequentam os Santuários, onde louvam e bendizem a Deus, através da oração, do silêncio e da contemplação, acolhendo o sopro iluminador e renovador do Espirito Santo no coração, comprometendo-se com a missão.
+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul