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04/03/2023

“Levantai-vos, e não tenhais medo” (Mt 17,7)

"Talvez tenhamos sido educados a olhar especialmente as coisas que não estão bem na nossa vida, na vida dos outros e as situações que afligem a comunidade, para depois pensar naquilo que podemos e devemos fazer para melhorar"

Foto de capa
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Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! A Quaresma é um tempo especial da graça de Deus para a nossa vida espiritual, porque nos oferece a oportunidade de refletirmos sobre a nossa vida de comunhão com Deus e com os irmãos, à luz da Palavra de Deus, e da proposta da Campanha da Fraternidade. Podemos ser tentados a viver uma espiritualidade intimista e desencarnada da realidade da vida e do mundo que está ao nosso redor. Uma espiritualidade marcada pela indiferença e pelo egoísmo, onde falta a comunhão de vida com os irmãos, que expresse amor, ternura, compaixão, proximidade e caridade. Uma espiritualidade assim pode ser interessante para aliviar a nossa consciência, por termos praticado um rito, mas não é geradora de comunhão, nem expressa o amor, a ternura e a misericórdia do Pai.

A Campanha da Fraternidade de 2023, com o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16), quer nos ajudar a ver uma realidade que está muito próxima de nós, e a percorrermos um caminho de conversão, à luz da Palavra de Deus, neste tempo da Quaresma. A conversão precisa chegar até o nosso coração, tocar e mudar a nossa vida, e as nossas ações em defesa da vida, onde muitas vezes vemos sinais de morte, por não ter o que comer.

A experiência de Pedro, vendo Jesus transfigurado, pode enriquecer a nossa oração e a nossa vida espiritual, no caminho quaresmal. A sua frase: “Senhor, é bom ficarmos aqui” (Mt 17,4), na verdade, pode ser interpretada como um desejo de prolongar aquele momento, tão belo na vida de Pedro, Tiago e João, que tiveram o privilégio de estar na companhia de Jesus sobre a montanha no momento da transfiguração. No seu entusiasmo genuíno e humano, Pedro exprime um sentimento que também nós provamos, quando fazemos uma experiência bonita, especialmente quando acontece de forma inesperada.

Talvez tenhamos sido educados a olhar especialmente as coisas que não estão bem na nossa vida, na vida dos outros e as situações que afligem a comunidade, para depois pensar naquilo que podemos e devemos fazer para melhorar. No entanto, a frase de Pedro nos faz redescobrir um modo parcial de ver a vida e o relacionamento com o Senhor, e, às vezes, pode também nos levar ao erro, porque podemos perder o senso da realidade da vida e do mundo, dos que padecem e passam fome, que podem estar muito próximos de nós, e precisam de gestos concretos da nossa solidariedade.

 

+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul

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