Em comunhão com toda a Igreja Católica, a Diocese de Caxias do Sul abriu o tempo da Quaresma nesta Quarta-feira de Cinzas, 22 de fevereiro. O tempo, que faz apelo às práticas da oração, do jejum e da caridade, recorda os 40 dias em que Jesus esteve no deserto, segue até a Semana Santa e a vivência do Tríduo Pascal. No Brasil, a Igreja Católica Apostólica Romana, realiza, desde 1964, a Campanha da Fraternidade que trata da realidade social do país.

Neste ano, a Campanha da Fraternidade trata do tema: “Fraternidade e Fome”, com o lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer”, do Evangelho segundo Mateus, capítulo 14, versículo 16. A abertura da CF 2023, na Diocese de Caxias do Sul, aconteceu durante coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira, dia 22.

Apesar de tradicional, a coletiva de imprensa 2023 aconteceu em um novo espaço: para mostrar uma das faces da caridade na Diocese de Caxias do Sul, o evento foi realizado na Casa Madre Teresa, a Pastoral Social da Catedral Diocesana. O encontro com a imprensa teve a presença do bispo diocesano, Dom José Gislon, do coordenador de Pastoral, padre Leonardo Inácio Pereira, da diretora de segurança alimentar e nutricional da Prefeitura de Caxias do Sul, Cristina Gregoletto, além de representantes de pastorais sociais e do cuidado.

No início da coletiva, Dom José Gislon saudou os presentes e fez uma breve exposição da temática da Campanha da Fraternidade 2023. Ele pontuou a realidade da fome e a importância da união entre a Igreja, o poder público e a sociedade civil para a superação da fome e a promoção da dignidade humana. “Penso que o tempo da Quaresma, onde fazemos um caminho penitencial, é tempo especial para somar juntos para irmos ao encontro da realidade dos irmãos e irmãs que passam fome. Que possamos nos mobilizar enquanto sociedade, vamos juntos criar uma grande corrente de fraternidade e de solidariedade”, salientou.

A Campanha da Fraternidade 2023 tem como objetivo principal: “Sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome, sofrido por uma multidão de irmãos e irmãs, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus Cristo”.

A diretora de segurança alimentar e nutricional da prefeitura de Caxias do Sul, Cristina Gregoletto, fez a abordagem sobre a realidade da fome no Brasil a partir das estatísticas e dados científicos. Em consonância com o texto-base da Campanha da Fraternidade, falou sobre os 33 milhões de pessoas que passam fome e 125,2 milhões de brasileiros convivem com algum dos graus de insegurança alimentar. “Somente em Caxias do Sul temos 28 mil pessoas que vivem na extrema pobreza, com renda per capita mensal de até R$ 105,00 e outras 13 mil na linha da pobreza com renda de R$ 105,01 a R$ 210,00 e outras 27 mil pessoas que vivem com meio salário mínimo. Se juntarmos todos esses dados, estamos falando de 68 mil pessoas no nosso município e se aplicarmos a porcentagem de 64% que as pesquisas mostram, de pessoas em insegurança alimentar, são 43 mil pessoas nessa realidade e nem sempre conseguimos alcançar a todos”, pontuou.

Já o vigário-geral e coordenador de Pastoral da Diocese de Caxias do Sul, padre Leonardo Inácio Pereira explanou os dados do levantamento da caridade no contexto da coleta e distribuição de alimentos nas paróquias e comunidades da Diocese. Além disso, pontuou algumas ações práticas a serem realizadas pela Igreja neste tempo de Quaresma e de Campanha da Fraternidade, dentre as quais a reorganização da Cáritas Diocesana como braço da caridade da Igreja e o levantamento geral da ação social da Igreja na região. “Aqui nós temos os números bem concretos de famílias, muitas vezes, saciam sua fome a partir da caridade da nossa Igreja. É um gesto lindo da parte dos nossos irmãos que frequentam nossas comunidades e organizam a caridade, seja doando, seja ajudando nos cadastros, nas visitas, nas entregas. Deus seja louvado por todo o bem”, finalizou.

 

Diocese de Caxias do Sul arrecadou e entregou 302 toneladas de alimentos

O mapeamento foi organizado a partir de uma demanda da comissão diocesana formada para articular as ações da Campanha da Fraternidade. De acordo com as respostas de 59 das 74 paróquias que são atendidas pela Diocese, ao longo de 2022 foram arrecadadas 302,3 toneladas de alimentos. Na maior parte das paróquias, 43 das 59, há serviço de caridade organizada e, nas demais há a entrega das doações a outras paróquias, instituições ligadas à Igreja e também às entidades da sociedade civil, além da parceria com o poder público. No ano passado, foram distribuídas 26,7 mil cestas básicas e há um número pré levantado de 2,6 mil famílias assistidas pela Igreja diretamente nas paróquias, sem contar as instituições vinculadas.

 

Coleta da Campanha da Fraternidade também ajuda a recuperar dependentes químicos e cuidar das pessoas em situação de rua

Padre Leonardo também fez o convite para que as comunidades se engajem na coleta da Campanha da Fraternidade, marcada para o dia 02 de abril, o Domingo de Ramos. Com os recursos financeiros desta ação, a Igreja também oferece suporte a diversas entidades e pastorais. Do montante arrecadado, 50% fica para a Diocese, 10% para o Regional Sul 3 e os outros 40% são enviados para a organização do Fundo Nacional de Solidariedade da CNBB, em Brasília. Somente na Diocese de Caxias do Sul, a Campanha da Fraternidade 2022, o total da arrecadação foi de R$ 105.859,21, dos quais, para a Diocese de Caxias do Sul, R$ 52.929,60. Estes valores foram destinados, mediante apresentação de projetos, para a Pastoral de Apoio ao Toxicômano Nova Aurora (Patna), Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), Pastoral Carcerária, Pastoral da Criança, Pastoral da Pessoa Idosa, Setor Diocesano da Juventude, Pastoral das Pessoas em Situação de Rua, Pastoral da Dignidade da Mulher e projeto Murialdo Santa Fé.

 

Igreja é referência em cuidado com os mais necessitados na Região

Ao final da coletiva, a coordenadora da Pastoral da Criança, Lúcia David e a integrante da coordenação estadual da Pastoral da Criança, Doracélia Mello, a coordenadora da Pastoral da Pessoa Idosa (PPI), Adiles Meneguzzo, e a coordenadora da Casa Madre Teresa, Silvana De Conto, partilharam sobre as atividades de caridade e de cuidado com a vida. Entre as ações, além dos alimentos, são realizadas visitas, acompanhamento nutricional e de acesso às políticas públicas de saúde.