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25/02/2023

Conversão e proximidade, com Deus e os irmãos

"Cada um de nós pode ser portador da benção de Deus com sua vida, com sua vocação. Não podemos deixar que as críticas e o desânimo façam morada no nosso coração, favorecendo o enfraquecimento da comunidade de fé"

Foto de capa
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Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Estamos vivendo e celebrando a Quaresma, como povo de Deus a caminho, acolhendo no coração a força vivificadora e libertadora da Palavra de Deus? Ela nos convida à conversão, a nos aproximar da misericórdia de Deus. Mas para isso acontecer, muitas vezes temos que mudar. Toda mudança é difícil, porque mexe com o nosso comodismo, com as nossas falsas seguranças, com a nossa vida interior e exterior.

Os grandes homens mencionados na Sagrada Escritura também precisaram mudar, para seguir o chamado de Deus. Abraão é convidado a fazer uma ruptura radical com um mundo marcado pela morte, mas que permitia a sobrevivência em caso de seca e carestia. Tratava-se de lançar-se em direção a um futuro desconhecido, vivendo como um homem sem pátria, um marginalizado da sociedade. Ele deverá fazer o mesmo caminho do Oriente ao Ocidente que fez a primeira humanidade desobediente, a qual depois tentou construir a torre de Babel (Gn 11,2). Parece que retomou o caminho do ponto ao qual os homens tinham se desviado do criador. É este o início da eleição de Abraão: um convite para partir, para tornar-se livre, aceitando o desafio da separação da sua terra, do lugar e das pessoas que conhecia, que faziam parte da sua vida, que lhes davam segurança.

Foi uma decisão difícil para Abraão partir para um lugar desconhecido. Mas ao escutar a Palavra do Senhor, ele tem a oportunidade de mudar sua vida, que será marcada pelas bênçãos do Senhor, que produzirá dois frutos visíveis: será o pai de um grande povo e seu nome entrará para a história, será famoso, será recordado pelas gerações futuras, como o eleito por Deus. Abraão será instrumento de bênçãos não somente para aqueles que estão ao seu redor, mas serão beneficiários da sua promessa todos os povos, até os confins da terra. A benção de Abraão poderá realmente chegar a toda a humanidade depois da partida do patriarca, hoje lembrado como o pai na fé, pelos hebreus, cristãos e muçulmanos.

Deus fala e Abraão põe-se a caminho. Neste tempo da Quaresma, Deus fala ao nosso coração, à nossa comunidade cristã e, ao acolhermos a Palavra de Deus, nós também teremos forças para nos libertar dos vícios e do pecado, que nos afastam ou nos afastaram de Deus, das pessoas que amamos, da nossa família e da comunidade de fé. Faremos o caminho do retorno para o coração de Deus, se abrirmos a porta do nosso coração para acolher a sua palavra, para partilharmos o pão com quem tem fome e valorizarmos a vida, como dom de Deus para cada um de nós.

Muitos vezes, encontramos desafios, na vida pessoal e familiar, no ambiente de trabalho, na comunidade de fé. Mas não podemos esquecer da misericórdia, da bondade, do amor, da compaixão e da benção de Deus, que nos torna parte de uma comunidade, da família de Abraão, que leva a benção por onde caminha, num mundo marcado por sinais de morte e sedento de amor e de vida.

Cada um de nós pode ser portador da benção de Deus com sua vida, com sua vocação. Não podemos deixar que as críticas e o desânimo façam morada no nosso coração, favorecendo o enfraquecimento da comunidade de fé – nos recorda São Paulo, na carta a Timóteo (Tm 1,8b-10).

 

+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul

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