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01/04/2023

Acolhe o Senhor no teu coração

"'Que espetáculo!' Crucificar um homem. Crucificar o Filho de Deus, o Salvador e Redentor da humanidade. Grande espetáculo para os olhos dos ímpios, mas grande mistério para quem contempla com piedade"

Foto de capa
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Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Com a celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, damos início à Semana Santa. A cada ano, como comunidade de fé, celebramos e fazemos memória do ingresso triunfal de Jesus em Jerusalém, acompanhado de uma multidão em festa, que o acolhe como rei. Foi uma manifestação pública da sua realeza messiânica, reconhecida pela multidão, que o aclama agitando ramos de oliveira e revestindo, com seus mantos estendidos pelo caminho, para que o Senhor pudesse passar.

Esse gesto era usado para a entronização de um rei, que na sua missão de governar deveria olhar e cuidar dos habitantes do seu reino. O povo, tocado pelo amor e a compaixão que Jesus manifestava para com as pessoas, o acolheu como rei, pela sua disponibilidade em cuidar da vida e da condição humana, ferida na carne, pela falta de amor e compaixão, mas também ferida na alma, pela dor do pecado, que humilha a nossa condição de filhos e filhas de Deus.

Os ramos cortados para festejar Jesus representam as virtudes com as quais o cristão o acolhe na própria vida, e, ao mesmo tempo, o caminho de purificação vivido na Quaresma, através da oração, do jejum e da esmola. Com espírito renovado, nos preparamos para a vinda espiritual de Cristo entre nós, celebrando-o e bendizendo-o pelos séculos.

Segundo as palavras do livro do profeta Isaías (Is 50,4-7), que fala do servo sofredor, o eleito é um discípulo fiel, alguém que semeia esperança, que se torna um mestre, para confortar os desanimados. Ele é perseguido e torturado pelos inimigos, mesmo assim, não perde a sua confiança em Deus. As palavras do profeta encontram seu pleno cumprimento na paixão de Cristo, que sofre voluntariamente a violência e a morte, para a salvação dos homens.

O pequeno cortejo que acompanhava Jesus, através das estreitas ruas da cidade, caminhava em direção ao lugar chamado Gólgota, situado logo depois dos muros de Jerusalém. “Que espetáculo!" Crucificar um homem. Crucificar o Filho de Deus, o Salvador e Redentor da humanidade. Grande espetáculo para os olhos dos ímpios, mas grande mistério para quem contempla com piedade.

Acometido pela dor e o sofrimento na cruz, Jesus vive a mais dura realidade da condição humana, aquela em que somos capazes de infligir dor aos nossos irmãos e irmãs, a ponto de lhes tirar a vida. Jesus nos ensina que a sua obediência ao Pai o leva à cruz.

Sempre nos questiona observar, no relato da paixão, a multidão disposta a aclamar Jesus no seu triunfo, a condená-lo no seu processo e a dispersar-se enquanto ele agoniza na cruz. O cristão é aquele que participa da glória de Cristo porque está unido a ele também no mistério da cruz.

É um desafio para todo cristão aceitar a cruz de Jesus Cristo como sinal do Reino, que se manifesta no amor, na caridade, no perdão e na paz; sinal do Reino, no qual a última palavra será a vida, dom e compromisso.

Dentro do espírito da Quaresma, nós queremos fazer um caminho de crescimento espiritual na Semana Santa, nos unindo à paixão de Cristo, fazendo nossos os seus sofrimentos, e transformando em vida a sua dor e o seu gesto de amor na cruz, através da nossa vida de fé, das nossas ações de bem, de amor, de solidariedade e caridade.

 

+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul

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